Ter temor a Deus significa reverenciá-lo e respeitá-lo como Criador e Salvador. Temer a Deus é a atitude esperada do crente verdadeiro diante do Deus Todo-Poderoso. Mas temer ao Senhor não é o mesmo que ter medo ou pavor d’Ele; ao contrário, o temor do Senhor está diretamente ligado ao amor e a gratidão a Ele.
Algumas pessoas tem dificuldade em entender como pode ser possível amar e temer ao mesmo tempo. Essa dificuldade se dá principalmente porque o medo é o significado mais usual para a palavra “temor”.
Além disso, o apóstolo João escreve que “no amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 João 4:18). Mas não há qualquer contradição entre esse versículo e a exortação bíblica de que devemos temer a Deus. Vejamos:
Amor e temor a Deus
Temer a Deus e amá-lo acima de tudo são atitudes que se completam; são duas coisas inseparáveis. Isto porque servir ao Senhor inclui necessariamente temor e amor. Muitas pessoas enfatizam o amor a Deus, mas se esquecem do temor a Ele.
Porém, o ensino bíblico correto diz que não basta apenas amar a Deus, é preciso também temê-lo, assim como igualmente não basta simplesmente temê-lo, sem amá-lo. O amor sem o temor é um amor vazio, superficial e desrespeitoso. Já o temor sem o amor é simplesmente medo e pavor. Mas o amor com temor resulta numa entrega completa, numa devoção plena, numa reverência e submissão total.
Por isso do começo ao fim das Escrituras os crentes realmente são chamados a amar e temer a Deus. Josué convocou os israelitas dizendo: “Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade” (Josué 24:14). O apóstolo Paulo exorta os crentes a aperfeiçoar a sua santidade no temor de Deus (2 Coríntios 7:1).
Então quando João escreve que no amor não há temor, ele não está contradizendo o restante das Escrituras. Na verdade ele está apontando para a segurança que encontramos no amor remidor do Deus que nos escolheu, e por isso não temos motivos para temer o seu santo juízo sobre o pecado (1 João 4:17-19).
Portanto, o temor do qual o apóstolo fala não é exatamente o temor a Deus no sentido de reverência, mas é o temor do castigo divino por causa da iniquidade. Então isso nos levar a entender que podemos falar em dois tipos de temor a Deus.
Os dois tipos de temor de Deus
A Bíblia mostra muitos casos de pessoas ímpias que temeram a Deus. Por exemplo: em Josué 2:9, lemos sobre como os cananeus temeram ao Senhor por causa de seu julgamento iminente.
Isso significa que o temor a Deus que essas pessoas demonstravam não era um temor de reverência, respeito e amor que leva à obediência. Esse temor era simplesmente medo e pavor do castigo divino. Não era um temor imbuído de arrependimento, mas era um temor descontente porque o julgamento divino faria cessar suas práticas pecaminosas. Nesse sentido até os demônios temem a Deus (cf. Tiago 2:19).
O livro do Apocalipse deixa claro que esse tipo de temor é típico dos ímpios. Eles tentam fazer de tudo para se esconder das mãos do Deus irado (Apocalipse 6:16). Inclusive, eles são capazes até de dar glória a Deus por puro terror (Apocalipse 11:13). De fato aqueles que estão longe de Deus possuem “uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” (Hebreus 10:27).
Já o temor a Deus demonstrado pelo crente verdadeiro, não está relacionado ao medo, mas a reverência à majestade do Senhor através do conhecimento de sua graça. Os fieis devem temer a Deus, andar em seu caminho, amá-lo e servi-lo com todo coração e alma, e guardar seus mandamentos e estatutos (Deuteronômio 10:12,13).
Como os crentes temem a Deus?
O verdadeiro temor a Deus por parte dos crentes é resultante da certeza do perdão divino (Salmo 130:4). Então esse temor a Deus não é um medo ou pavor d’Ele. Os crentes não temem a Deus no sentido de medo e pavor porque o castigo divino que eles mereciam foi derramado sobre Jesus na cruz. Eles foram justificados pelos méritos de Cristo e agora sabem que já não lhes resta nenhuma condenação (Romanos 8:1).
Portanto, o temor a Deus demonstrado pelo crente é uma admiração sincera e reverente ao Deus Criador e Sustentador de todas as coisas. O temor a Deus é uma resposta de confiança e gratidão do crente à graça divina que o redimiu. Esse temor é um comprometimento pleno com a glória de Deus.
O escritor de Provérbios diz que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios 9:10). Isso significa que o temor a Deus é o único fundamento para o verdadeiro conhecimento. O salmista escreve que são sábios todos aqueles que cumprem os mandamentos divinos pelo temor a Deus (Salmo 111:10). O escritor de Eclesiastes diz que é dever do homem temer a Deus e guardar os seus mandamentos (Eclesiastes 12:13).
Por isso o escritor bíblico também diz que o temor a Deus “consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa” (Provérbios 8:13). Então aquele que verdadeiramente teme a Deus necessariamente irá andar conforme a sua vontade.
Daniel Conegero- EstiloAdoração
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