Só a graça é suficiente para viver sem culpa!E, quando elas surgem, as verdadeiras, a graça é suficiente.
Sim, há vozes externas que me acusam;
sim, há vozes internas que me paralisam, mas maior é a graça.
Assim, posso recomeçar, outra vez, e uma vez mais,
quantas forem necessárias, sem culpa, na alegria de viver
e de servir na terra o Deus dos céus.
Mesmo gestos pequenos, despercebidos,
quando permeados pelos afetos e pelo respeito, têm eco na eternidade.
A graça é suficiente para eu me sentir amado e perdoado
e assim amar e perdoar, uma vez mais, e quantas forem necessárias.
Sim, a graça é suficiente.
E prosseguir, sem culpa,
servindo e dependendo de nosso bondoso Senhor,
cujo fardo é leve e cujo jugo é suave.
Assim, deposito aos seus pés
meus medos, minha culpa, minha inadequação,
que por mais tratados que sejam não desaparecem,
mas tampouco tiram meu desejo de viver e amar.
Vivo, dentro de mim, uma luta sem tréguas,
quero fazer o bem, mas encontro no meu coração outra força
que me faz fazer não o bem que eu quero, mas o mal que eu evito.
Neste dilema desfaleço de aflição. Como poderei me livrar desta sina?
Obrigado, Senhor, pois não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.
Prossigo sabendo que esta vida é meio precária, que o mundo é mau, inseguro, finito,
mas ainda assim cheio de beleza e de gente anônima que faz o bem.
E no meio do caos e da tragédia surgem os sinais de um reino eterno,
aqui e ali sinais de que na cruz o mal foi vencido
e na ressurreição a morte não tem a palavra final.
Só a graça é suficiente para eu andar perto dele, o Cordeiro Santo,
quebrantado e desejoso do mundo vindouro,
e, enquanto isto, continuar sem nunca chegar lá, aprendendo a amar.
Só a graça é suficiente.
Para, apesar de tudo, me deixar leve e solto, sem culpa,
vivendo as pequenas alegrias e as pequenas tristezas do dia a dia,
cheio de fé, esperança e amor, até a próxima crise,
E recomeçar outra vez, uma vez mais, e quantas forem necessárias.
Sem graça é só desgraça.
Só a graça é suficiente para uma vida graciosa.
Graça preciosa e custosa graça.
E isto me basta.
O fundamentalismo e o legalismo não têm eco no meu coração;
melhor é beijar a mulher amada, visitar um amigo,
ver o pôr do sol, ler Nouwen e Neruda, ouvir Mozart e Beatles.
Quero simplesmente viver na orientação das Escrituras
e na dependência do Espírito Santo.
E sair por aí fazendo o bem,
espalhando a fé, a esperança e o amor,
e vivendo a simplicidade do gesto cotidiano.
E servir o Senhor, enquanto eu viver,
repartindo com aqueles que têm menos,
e me doando ser bem-aventurado, pois assim prometeu o meu Senhor.
E acima de tudo andar com ele sempre,
seja na festa de Canaã, seja na angústia do Getsêmani.
A ti tudo entrego, Senhor, minha vida e minha morte.
Sou teu!
Só a graça é suficiente!
(Pr Osmar Ludovico da Silva/Ultimato)
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