O bullying é um problema sério encontrado nas escolas de todo o mundo. As provocações, que antes eram vistas como “brincadeiras” ou “construção do caráter”, agora recebem um novo tratamento.
Passou-se a compreender por que as aparentemente inofensivas brincadeiras são tão nocivas para a saúde mental dos mais jovens e como elas podem afetar o seu desenvolvimento no futuro.
As famílias, então, devem estar atentas aos sinais de bullying para ajudar as crianças e os adolescentes a lidarem com essa situação desagradável.
A questão se tornou tão importante no Brasil que o dia 7 de abril foi definido como o Dia Nacional de Combate ao Bullying, quando campanhas de conscientização são feitas em escolas pelo país e na internet.
Por que as crianças praticam bullying?
O bullying é uma prática que pode ser denominada como cruel e agressiva, então por que as crianças o fazem? Como seres tão pequenos e alegres são capazes de causar tanto sofrimento emocional aos seus companheiros da mesma idade?
Uma razão comum pela qual as crianças praticam bullying na escola é a falta de atenção dos pais.
Quando se sentem negligenciadas ou não são disciplinadas o bastante, sentem que ninguém se importa com elas e podem fazer o que quiserem. Assim, começam as provocações.
Elas também não possuem um bom entendimento de empatia dado que não foram ensinados a levar os sentimentos alheios em consideração quando agem ou tomam uma decisão. Já que não compreendem o quão triste ou irritado o outro se sente, continuam praticando bullying.
Eventos que causaram mudanças significativas na vida dos pequenos também podem incentivar comportamentos agressivos, como divórcio, brigas em casa, morte de um ente querido, morte de um animal de estimação, problemas com irmãos mais velhos, abuso de parentes, entre outros.
Outra possível causa para o bullying é o excesso de indulgências. Pais que não ensinam limites aos filhos criam indivíduos mimados que acreditam merecer tudo que almejam.
Quando se frustram, eles descarregam seus sentimentos negativos em outras crianças. Ver o outro mal ajuda eles a mudarem o foco da própria infelicidade.
O comportamento de intimidação e provocação é um sinal de alerta de que a criança não aprendeu a controlar a sua agressividade. Ela precisa de aconselhamento psicológico e dos pais para aprender a interagir com as pessoas de maneiras saudáveis.
Por que os adolescentes praticam bullying?
A dinâmica do bullying na escola entre os adolescentes é ligeiramente diferente das crianças. Algumas das causas podem ser semelhantes (negligência, falta de limites, eventos traumáticos e estresse), mas outros fatores estão envolvidos nas suas relações sociais.
O bullying praticado por adolescentes também evidencia a necessidade de ajudá-los.
Os mais velhos podem praticar bullying por desejarem poder. Eles querem estar no controle das relações sociais de seu círculo de amigos ou demonstrar que são superiores aos colegas considerados fracos.
Deste modo, intimidam quem consideram empecilhos para isso ou quem não merece a cordialidade deles.
Poder também pode significar popularidade. Alguns adolescentes admiram quem quebra regras, colocando colegas com esse tipo de comportamento como exemplos. Sendo assim, eles incentivam o bullying em vez de pará-lo.
Há também adolescentes que pratiquem bullying na tentativa de se vingar das provocações que sofreram no passado.
Podem fazer isso tanto com os agressores quanto com outros adolescentes que os lembram de si mesmos naquela época ruim. É uma forma patológica de ressignificar a situação desagradável.
Sinais de bullying na escola em crianças e adolescentes
Pode ser complicado perceber os sinais de bullying em crianças e adolescentes. Os mais velhos, principalmente, costumam esconder como se sentem e se refugiar em seus mundos particulares. Assim, pais devem conceder atenção redobrada a eles.
Tanto em crianças quanto adolescentes, os sinais de bullying na escola incluem:
Tristeza;
Isolamento social;
Oscilações de humor;
Aumento ou perda de peso;
Irritabilidade;
Silêncio incomum;
Atitudes inconsequentes;
Brigas com colegas e/ou irmãos;
Medo de ir à escola;
Vontade de mudar de escola;
Mentir para não ir à escola;
Perda de interesse nos estudos;
Chorar quando precisar ir à escola;
Humor desagradável quando volta da escola;
Cabular aula ou não chegar a entrar na escola após ser levado até lá;
Ansiedade;
Crises de choro repentinas; e
Baixa autoestima.
Como lidar com o bullying na escola?
Lidar com o bullying na escola pode ser complicado. Como as crianças e os adolescentes não têm o mesmo alcance emocional que os adultos, eles reagem de maneira diferente às frustrações e situações estressantes.
Deste modo, encontrar uma brecha para lidar com as consequências emocionais do bullying pode ser desafiador para os pais.
É preciso ter paciência e empatia para compreender o que se passa no mundo interior da criança e do adolescente em crise. Só assim as famílias conseguem encontrar maneiras efetivas de ajudá-los.
Abaixo, veja como lidar com esse difícil problema.
1. Ouça os seus filhos
Ouça o que os seus filhos têm para dizer sobre o bullying sofrido sem interrompê-los, dar lição de moral ou fazer cobranças desnecessárias. Também não duvide de suas histórias. Se acreditar que algo não faz sentido, procure investigar com a escola e amigos antes de tomar uma decisão.
Enquanto isso, permita que eles falem o que acharem necessário sobre o acontecimento, as pessoas envolvidas e como têm se sentido em relação às provocações.
É importante descobrir como o bullying afeta os filhos para saber como ajudá-los a se defender e quais reparações emocionais devem ser feitas.
Por exemplo, as constantes provocações podem ter deixado o seu filho mais tímido. Converse com ele para entender por que ele tem necessidade de se retrair e se isolar. Tem a ver com a provocação de terceiros? É vergonha? Medo? Só então pense em maneiras de ajudá-lo.
2. Converse com a escola ou os pais
Nem sempre é legal interferir em brigas de crianças e adolescentes. A interferência direta dos pais tira a autonomia deles, bem como atrapalha a oportunidade de eles aprenderem com o conflito. As famílias devem orientar os filhos para que aprendam a se defender e a resolver conflitos sozinhos.
Entretanto, quando a situação é muito intensa e a criança ou o adolescente não consegue administrá-la sozinha, os pais devem interferir.
Converse com a escola para compreender o que está acontecendo e requisitar ajuda dos professores para ficar de olho na situação.
Da mesma forma, converse com os pais da outra criança ou adolescente para descobrir como lidar com a situação da melhor forma possível. Nem sempre os pais sabem o que os filhos estão aprontando, então essa conversa pode servir de aviso para eles.
3. Estude sobre bullying na escola
Estude como o bullying na escola funciona, quais são as consequências desse comportamento nas vítimas, como os pais podem ajudar os filhos e quais são as responsabilidades da escola sobre isso.
Neste contexto, os pais sempre podem perguntar aos pedagogos qual é a postura da instituição diante dessas situações.
Saber como o bullying opera vai ajudá-lo a, junto com seus filhos, traçar estratégias para combatê-lo. Além disso, você poderá ensinar mecanismos de defesa úteis a eles.
4. Procure um psicólogo
Procurar um psicólogo quando o seu filho é vítima de bullying é essencial para evitar problemas em seu desenvolvimento e autoestima.
Na terapia, crianças e adolescentes vítimas de bullying aprendem a administrar as emoções ruins que as intimidações despertam, desvencilhar-se de autopercepções negativas e fortalecer a autoimagem.
Pode demorar para convencer os adolescentes, que possuem uma resistência natural a figuras de autoridade e compartilhar sentimentos, a decidirem ver um psicólogo. É preferível que eles aceitem fazer terapia, mas, em casos extremos, pode ser necessário levá-los contra a sua vontade.
O psicólogo também pode orientar os pais nessa situação difícil. Assim, aprenderão como responder ao bullying de maneira saudável e preservar a saúde mental dos filhos.
5. Ajude a elevar a autoestima dos seus filhos
O bullying pode acabar com a autoestima dos filhos e fazer com que eles duvidem de si mesmos. Para remediar as consequências destrutivas dessa prática, os pais podem ajudar os filhos a reconstruírem a sua autoestima.
Embora a terapia ajude bastante na recuperação da mesma, o auxílio dos pais é indispensável uma vez que eles são as principais inspirações dos filhos.
Trabalhe a forma como seu filho se vê por meio de elogios, incentivos a reflexões e participação em atividades recreativas.
Diga a ele como você se orgulha de quem ele é e ofereça apoio emocional quando necessário. Certamente, ele se lembrará do carinho recebido dos pais no futuro.
(Thaiana F. Brotto/ Psicóloga)
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