“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14:27)Desde as remotas eras da história da humanidade, a sociedade busca, das mais diversas formas, usando dos mais diversos mecanismos, obter a paz. A Bíblia, sendo o mais completo livro já escrito, também trata desse tema. Há, porém, distinções claras entre a paz que Cristo propõe e a paz que tem sido proposta pela sociedade ao longo dos séculos. Façamos, então, uma análise desse assunto pela ótica do texto bíblico em João 14:27, para que possamos compreender as palavras de Cristo e a ideia de paz à luz das Escrituras.
O texto está inserido em um discurso de Jesus, no qual o mestre profere palavras de direcionamento e orientação aos discípulos, preparando-os para a realidade de sua morte na cruz, cada vez mais próxima. Jesus sabia das dificuldades que se levantariam após sua ascensão aos céus, desde calúnias, acusações, até perseguições e martírios. Tendo isso em mente, o bom Mestre, após falar sobre o “outro Consolador” que haveria de descer para direcionar a igreja, deixa outra promessa para os seus seguidores: “a minha paz vos dou”.
Ao fazer uma análise com certa atenção, podemos depreender que essa promessa de Cristo nos traz 2 verdades, a saber:
JESUS NOS DÁ A SUA PAZ
O mundo também pode nos dar paz, mas não a mesma paz que Cristo nos dá;
Analisemos essas verdades de modo individual, para que possamos compreender a distinção entre elas e, assim, obter uma melhor compreensão do texto.
1 – A Paz que o mundo nos dá
Os conflitos interpessoais permeiam a história do homem, sendo quase que intrínsecos ao ser humano. Seja através de uma simples discussão, um confronto físico ou uma guerra de abrangência internacional, os conflitos são, indubitavelmente um dos maiores males sociais de todos os tempos. Assim sendo, a sociedade tem clamado por paz, acreditando que as guerras e conflitos são o problema último, que, sendo solucionado, poderia levar à obtenção de um mundo perfeito.
O pensador Immanuel Kant entendia a paz como um problema jurídico-político, que deveria ser tratado através de uma construção social. Ele escreveu em 1795 o opúsculo intitulado “A Paz Perpétua”, cuja a grande questão era assegurar que os estados nacionais pudessem estabelecer entre si um quadro de paz eterna. Kant enxergava a paz de uma ótica internacional, não atentando para o lado interpessoal, subjetivo e individual do conceito. Mahatma Gandhi ficou conhecido por ser defensor do AHIMSÁ, que trata-se de um código de ética hindu que refere-se fundamentalmente ao respeito incondicional para com qualquer forma de vida e engloba todas as formas de não-agressão. Gandhi via a paz como a ausência da violência, seja ela na forma verbal, física ou por meio de atitudes.
Porém, talvez para a maioria das pessoas situadas dentro da cultura secular, paz signifique ter um bom emprego, uma boa família, bons amigos, morar numa boa casa e ter uma boa saúde. É importante mencionar que todas essas coisas podem ser conquistadas sem que haja conversão ou arrependimento de pecados.
Talvez isso soe estranho, haja vista a cultura pseudo-cristã que se instalou em nosso país, onde a salvação é, na verdade, uma relação comercial de barganha entre os crentes (clientes) e Deus (vendedor), e a moeda de troca para obter qualquer bênção material são os dízimos e ofertas. Porém, essa é uma verdade factual e que pode ser fácil e empiricamente comprovada: as pessoas podem viver vidas tranquilas, sem grandes preocupações, sem grandes sofrimentos e dificuldades; e isso mesmo sem conhecer o evangelho.
Na verdade, é essa a paz que o mundo pode oferecer, e é dessa paz que Jesus se refere no versículo em análise quando diz “não vo-la dou como o mundo a dá”. Todos nós já conhecemos uma pessoa, não-cristã, que vive bem, tem uma vida profissional e familiar estruturada, paga as contas em dia e não passa por tantos problemas; ou seja, uma pessoa que vive em “paz”. Isso é possível devido àquilo que entendemos teologicamente como graça comum.
“Porque Deus faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mateus 5:44-45)
Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação. A palavra comum aqui significa algo que é dado a todos os homens e não é restrito aos crentes. Devido à essa graça, Deus permite que algumas pessoas, mediante diversos fatores, desfrutem de certa tranquilidade, que é erroneamente entendido como sendo paz. O grande problema disso que as pessoas entendem por paz, é que ela se restringe ao âmbito material e sentimental, e essa limitação, apesar de parecer insignificante, distingue completamente esse conceito do verdadeiro conceito de paz que a Bíblia nos dá.
O mundo oferece sim uma paz, mas uma paz falaciosa, na qual muitas pessoas estão envolvidas e acham que, por viverem nessa condição cômoda, não carecem de um Deus e não são merecedoras do inferno, caindo no engano de auto-justificação e achando-se boas demais para precisarem de perdão.
2 – A Paz que Jesus nos dá
De acordo com William Hendriksen, paz a que Jesus se refere pode ser entendida tanto como um legado que pode ser deixado para ser seguido (“Deixo-vos a paz…”, grego ἀφίημι), como também um tesouro ou uma dádiva que pode ser entregue (“a minha paz vos dou”, grego δίδωμι). Era um costume da sociedade da época se cumprimentar desejando a paz, como um formalismo social. João Calvino escreve a respeito disso, dizendo que “essa paz é de muito mais valor do que aquela que geralmente se encontra no seio da sociedade humana, a qual geralmente possui a palavra paz, porém gélida em seus lábios, a guisa de cerimônia, ou, se sincera e reciprocamente desejam a paz, contudo não podem outorgá-la realmente”.
A Bíblia nos traz um conceito diferente, a partir do qual entendemos a paz em dois sentidos: a paz em Deus e a paz com Deus.
Talvez o grande erro das cosmovisões seculares (ou, pelo menos da maior parte delas) seja enxergar a paz como a ausência de guerras ou problemas em geral. Paz em Deus é a segurança e convicção, mesmo mediante lutas e problemas, de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28).
Paz em Deus é saber que Deus é soberano, justo e misericordioso; é entender que nada escapa, ainda que por 1 milésimo de segundo, das Suas onipotentes mãos e que tudo o que se levanta contra nós serve para a edificação da nossa fé e, em instância última, para a glorificação do nome do Senhor. Jesus esclarece isso na própria escritura:
“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33)
Jesus, ao mesmo tempo, diz que os discípulos terão paz e aflições. Podemos ter paz em Deus, apesar das aflições, e a razão disso é especificada por Ele no versículo: EU VENCI O MUNDO! A vitória de Cristo não somente viabiliza, mas também outorga a nossa vitória.
Podemos dizer que a paz com Deus é a causa de podermos ter paz em Deus. A escritura afirma de modo claro que a nossa condição, antes do advento de Cristo, era uma profunda inimizade contra Deus.
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:10)
“A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou” (Colossenses 1:21)
É nesse sentido que temos paz com Deus. Nós, que outrora éramos inimigos em rebelião contra Deus, agora somos amigos, não estamos mais em guerra, estamos em paz com a pessoa de Deus. O estado adâmico de rebelião contra Deus foi desfeito por Cristo na cruz do calvário.
Conclusão
É essa a paz que o mundo não pode dar! Qualquer pessoa pode conseguir “a paz que o mundo oferece”, mas somente os remidos pelo sangue do cordeiro tem acesso à genuína paz, que é proveniente do trono da graça. Não é à toa que a Bíblia que a Bíblia chama Cristo de príncipe da Paz:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6)
(Diego Matos)
Mães Unidas em Oração, filhos protegidos.
Todo filho precisa de uma mãe que ora
Você já orou pelo seu filho hoje?
www.momsinprayer.org
WhatsApp: + 55 21 99212-0548
(Coeditora do Blog: Sirlei Mendonça Campos)
IMPORTANTE: Faça sua inscrição online para receber todas as informações necessárias, através do link:
https://www.maesunidasemoracao.org/Grupos#FacasuaInscricaoeInicieumGrupo
Não deixe nenhum espaço em branco. Caso não tenha como preencher um espaço, coloque ”xxxx”.