“E Deus é poderoso para fazer que toda a graça lhes seja acrescentada, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra. Como está escrito: ‘Distribuiu, deu os seus bens aos necessitados; a sua justiça dura para sempre’. Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça.” (2 Coríntios 9:8-10)
É comum ver por aí, principalmente nas redes sociais, a definição bíblica de provisão sendo distorcida. Ora, o “crescimento evangélico” é um fato inegável em nosso país nos últimos anos, muitas igrejas pregam e ensinam a dita Teologia da Prosperidade, fazendo com que a ideia de provisão divina fique presa apenas na noção da carência e do suprimento de coisas e bens. Para muitos evangélicos, aliás, a provisão divina só existe na perspectiva de: “hoje eu não tenho isso, mas Deus vai prover”. Ou seja: o entendimento de provisão é distorcido, a saber, o de “Deus tapa buracos”, sendo a provisão divina entendida apenas no ângulo do “suprimento de carências” e de necessidades.
A provisão divina também é isso? Sim! Não há dúvidas que é. Deus tem essa promessa para seu povo, mas ela precisa ser mais bem entendida à luz da Escritura e não sob a visão (caolha) de uma determinada teologia. A Bíblia fala muito mais da provisão divina do que simplesmente isso.
Em primeiro lugar, todo crente sincero e sério deve ter firmado em sua mente o entendimento de que nosso Deus é Deus provedor por ter provido ao seu povo a redenção por meio de Jesus Cristo. O entendimento de Deus como Jeovah Jireh deve ser aplicado (pela fé) a partir da seguinte compreensão bíblica: há uma aliança! Uma aliança que Deus (por graça) fez com Abraão, isto é, a de que Deus providenciaria um cordeiro, liberando Isaque (e todos aqueles que fariam parte da aliança pela fé) da iminente morte. Essa deve ser a noção primária de provisão! Crer num deus que te dá coisas (ou que precisa te encher de coisas para ser chamado de Deus) segundo a ganância de seu coração ou segundo as suas carências (apenas) não está certo. Além do mais, quem compreende a aliança e – com fé genuína – vive firmado nela não precisa de um “deus” assim… Crer na aliança é crer na soberania do Deus Justo, Forte, Bom, Gracioso, Misericordioso e suficientemente Poderoso.
Em segundo lugar, todo cristão com o mínimo de fé deve reconhecer que Deus é o provedor de tudo! Do ar que respiramos desde os primeiros fôlegos de vida até do biscoitinho simples que comemos no café da tarde (o que já é um motivo de agradecimento e louvor, pois muitas pessoas não sabem nem mesmo o que é um almoço diário e, tampouco, o que é um café da tarde…). Tudo que nos é necessário, Deus coloca à nossa disposição (como o texto de 2Cor 9. 8-10) está afirmando. Isso, porque Deus é Deus gracioso. Provê-nos tudo! Da redenção e vida eterna às coisas materiais, Deus tudo provê e isso é feito por graça, pois não somos merecedores de nada. Muito pelo contrário!
Em terceiro lugar, a provisão (ou providência) divina está estreitamente ligada à obediência á sua Palavra (Dt 8. 5-10). É importante lembrar: Deus fez uma aliança com seu povo e essa aliança permaneceu a mesma após a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus. Jesus foi o cumpridor da principal promessa e provisão de Deus, mas a obediência – como parte dessa aliança- nos garante vida, paz e bem.
Em quarto lugar, Deus dá a semente ao que trabalha. A provisão de Deus não virá de campanhas financeiras e nem de semeaduras sem sentido (essas feitas na perspectiva da troca ou da barganha), mas do trabalho e da semeadura com propósito. Essa é a semeadura correta! Quando trabalhamos (honestamente) e investimos naquilo que está de acordo com nossa fé, tendo em mente agradar a Deus em tudo, Deus se mostra sempre perto para suprir tudo! Não porque trabalhamos simplesmente. Não se trata daquela ideia popular do “faça a sua parte e Deus fará a dele”. Não! Mas, antes mesmo de você iniciar seu dia, Deus já está de pé controlando tudo e cooperando em tudo para o bem daqueles que o amam. Ele guarda o nosso caminho! Sua mão nos sustém! Sua voz nos guia e sua Palavra é luz!
Tudo tem um propósito! Às vezes temos muito, às vezes temos pouco. Tudo tem um propósito! Para alguns, há a fase do emprego bom, com salário perfeito e, se Deus permitir, a fase do desemprego e do aperto! Em tudo isso Deus é Bom e nada – simplesmente nada – nos falta! Tudo nós podemos, naquele que nos fortalece. Um dia posso ter muito, noutro dia poderei ter pouco, mas posso tudo isso, pois é Ele (e não eu) quem me fortalece. Ora, essa certeza parece ter sido esquecida por muitos cristãos.
Em quinto lugar, a provisão divina envolve também nossa instrumentalidade. Ou seja: a provisão ou providência divina está também ligada ao nosso trabalho e chamado evangélico. Está ligado ao serviço cristão. Deus é poderoso para fazer com que toda a graça nos seja acrescentada, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, nos transbordemos em toda boa obra, sabendo que Ele provê tudo para a sua própria glória e, assim, nos torna aptos para o bom serviço, sabendo que em Deus temos tudo o que é justo e necessário para o cumprimento de nossa vocação e para o cumprimento de seu propósito (Lc 10.4; Lc 10.7; Mt 10.10; 1Tm 5.17-18.).
Em sexto lugar, a provisão divina não significa a garantia de uma vida sem carências e necessidades. Viver uma vida carente e com algumas necessidades é sinal do abandono divino ou da pouca fé? Não (Ou nem sempre!). Mas isso depende muito de como você entende a provisão divina. Volte lá no primeiro ponto. O discípulo de Cristo tem firme em sua mente que sua vida pertence a Deus e que – todos os dias – deve pegar a sua cruz e morrer nela. Isso implica (ou pode implicar) numa vida com algumas batalhas difíceis, perseguições de todo o tipo, carências e muitas necessidades, mas tudo isso por causa do Evangelho. Mas, como falamos no ponto anterior, todo obreiro é digno de seu salário e Deus já proveu muita coisa, desde as moradas celestiais (Jo 14.1) às provisões necessárias pelo caminho para que o SEU PROPÓSITO se cumpra. Contudo, o crente que está sendo perseguido ou que – no presente momento – tem passado por pontuais necessidades, sabe conhecer o Deus a quem serve e reconhece sua soberania e seu controle da história. Esses – que já dispuseram de suas vidas para o serviço do Evangelho conhecem o que é a provisão bíblica e firmes estão no Deus da aliança.
Infelizmente muitos crentes – que deveriam crer na provisão divina como a Bíblia ensina – se deixam levar pelos males do presente século, se encurvando obsessivamente para a obtenção de posses, bens e coisas. Vivendo dias trabalhosos, cansativos, até lucrativos, mas sem vida de Deus e sem esperança. Sem olhar para o alto, sem pensar nas coisas que são de cima. Hoje impera o materialismo, o individualismo, o hedonismo (sem limites) e muitos “evangélicos” estão sendo arrastados por essas ondas e ideologias, não concebem o Deus Santo, Justo e Provedor.
Quem crê no Soberano e quem o busca de todo o coração (se deleitando nele e não em coisas) saberá – com certeza – o que é viver uma vida de confiança e paz, mesmo na existência de provações e lutas de toda espécie. Mesmo na existência de necessidades e carências.
Quem busca a Deus com fé e confiança e pensa nas coisas do alto, deixando as coisas da terra aos pés do Criador, pode experimentar da verdadeira provisão. Ora, a compreensão da provisão bíblica te leva a enxergar Deus como Pai Gracioso, Misericordioso, Bom e Justo.
Gracioso, porque cada um de nós merecíamos a justa condenação, mas sua graça nos achou e nos redimiu através do sacrifício de seu Unigênito, Jesus Cristo. E por Ele temos vida eterna!
Misericordioso, porque nos ampara e nos socorre. Sua misericórdia é a causa de não sermos consumidos (mesmo que mereçamos!).
Ele é Bom, porque sua presença alegra e preenche nossos corações. Ele dá sentido à nossa existência. Sua presença é deliciosa ao nosso espírito. Ele está perto e ouve nossas orações. Nós podemos experimentar de seu cuidado e desfrutar de sua presença.
Ele é Justo, pois concede tudo a cada um de nós segundo sua reta justiça. Sabe do que realmente precisamos e, pela sua justiça, sabemos quem somos e o que merecemos. A compreensão de sua justiça nos leva ao entendimento de sua imensurável graça.
Crer na provisão bíblica, portanto, é crer que no Deus que nos redimiu e que nos ampara em todo o momento segundo seus propósitos justos, bons e perfeitos.
Crer na provisão bíblica é crer que perseveraremos até o dia final, mesmo com tropeços e algumas quedas.
Crer na provisão divina é crer que temos o Deus que é Pai e que está sempre atento às nossas orações.
Coloque a ansiedade, o medo, o stress e a desesperança diante daquele que tudo pode. Busque a Deus! Deposite sua vida (sem reservas) no altar de Deus e deleite-se no Soberano.
“Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês”. (Mateus 6. 30-33)
(Gabriel Felipe M. Rocha)
Amém..Deus Supri todas as nossas necessidades...
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